quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Merecer




" A Rosa pertence ao jardim "

Gifts


Dei recentemente uma prenda á minha namorada. Mas ás vezes não é suficiente.

Dou-lhe então mais uma:


Rosa


O vermelho espanta o ar.

Quente cor planta-se em verde caule, e lá repousa, deslumbrando.
--
Cativa o olhar e convida o toque que rapidamente chega.

-Mais vermelho-,

pois a beleza da rosa não é de todos.

E aqueles que a tocam sem paixão, certamente dor sentirão.


A rosa deve ser tocada como a flor que é.
--
Lentamente, aproximo-me e olho-a. -Convido-me a a observa-la -

Sentido-se notada, dança com o vento, pedindo-me que a toque.

Não o faço. Sei que me quer manchar.


Ao seu lado sento-me e elogio-a;

-"Que vermelha és, bela rosa. O jardim iluminas de prazer."

-" Que hábil és, belo jovem. Os meus espinhos evades com palavras."


Acaricio-a levemente, como se uma face tocasse.

-"Quero levar-te rosa. Mas não te tomarei. Dar-te-ei."

-"Para que me queres dar, jovem? A beleza mantém-se perto."


Conto-lhe as pétalas.

-" E para sempre no meu coração te guardarei. Pois a quem te irei dar, merece-te, e debaixo do nosso olhar, eterna te tornarás no nosso lar."

-" Serei cortada. Embelezada."

-" Bela tu és, rosa. E assim serás mantida. Pois a beleza e a paixão, espinhos sempre acompanharão. Vem, rosa. E cada dia encontrarás um novo elogio no nosso olhar."


Toco o caule, e com os meus dedo o envolvo.

O jardim despede-se em uníssono da rosa, a "menina bonita" daquele lugar.

O vento beija-a com carinho, e as árvores olham-na já com saudade.

Delicadamente a pego, e com carinho a carrego. Como se rubí fosse.


-" Sou agora tua."

-" És agora nossa."


E como que completos, caminhamos juntos pelo caminho que o sol já escurece com o seu retorno a casa.

Para a nossa vamos agora nós.




Muito Boa Noite.

Esta rosa é para ti.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Youth



Eu faço por não deixar as minhas memórias de infância muito longes. Gosto de estar em constante contacto com coisas que não me façam perder essa inocência. Por vezes chega a ser a única coisa da qual posso depender para me manter são.

Tenho por hábito jogar alguns jogos que jogava á muitos anos, e as simples músicas destes são capazes de me lembrar a momentos já á muito passados. É agradável, e para mim, necessário.

Espanta-me o facto de ver pessoas que categorizam desenhos animados como "coisas-para-crianças", e se referem a coisas que antes costumavam fazer como: "Já não tenho idade para isso.". Decerto não tenho idade para passar os dias a ver filmes animados, a brincar sem parar, sem qualquer sentido de responsabilidade, mas sempre que posso, gosto de o fazer. É libertador e de certo modo, "cura" a mente. Não nos devemos afastar da nossa criança interior, pois corremos o risco de ficar tão rodeados de responsabilidades, "adultez", que perdemos a capacidade de pensar "fora da caixa" (i.e: do inglês "outside of the box"; capacidade de ter uma visão diferente das coisas, não se limitando a padrões.).

Sendo assim, aconselho que tomem algumas atitudes que vos façam recordar esses tempos, e aí verão o quão bem vos faz.

Eu, por exemplo, comecei ontem a ver uns desenhos animados que davam na SIC quando eu andava na primária. Chamam-se "Cavaleiros do Zodíaco", ou "Saint Seiya".

Vejo, e gosto.


P.s: Em comentário deixem alguns exemplos de coisas que façam, assim como esta que nomeei.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Quarto


Hoje sinto-me um pouco irritado.

Assim sendo, vou ver se a escrita me leva a irritação.



Quarto


A realidade esmaga-me e a cidade pinta-me de cinzento.

Olhares e palavras enchem a minha vida de mundanidades e preocupações que pesam em mim.

Carrego-as, passeio-as, e todos as alimentam.


Com pequenos toques faço por embelezar o que vejo, mas as massas corrompem-no.

Respiram problemas, e em si guardam as soluções. Um círculo vicioso.

Apontam dedos, na sombra contam segredos, e derrubam pessoas por simples ocupação do tempo.


Sustenta o cansaço apenas o saber da calmía que se avizinha.

E ainda que envolto em necessidades, ordens e afazeres, mantém-se um pequeno mundo aparte, onde o que sou é decidido no momento.


Ao fim do dia, arrastando âncoras de crise e pesos de tarefas, chego a casa.


Segurança inunda o ser, e com esforço, vai expulsando a cidade que trago nos ombros.

Melodias faladas regalam os olhos, e sorrio com a beleza que é capaz de se ouvir.


Caminho para o meu recanto, e deparo-me com a comum porta fechada.

Antes de esta tocar, questiono-me onde quero ir dar.

Pondero, imagino, e com a minha mente idealizo o local onde planeio ir descansar.


Empurro a porta, e rapidamente sinto a brisa a tocar-me.

A lua pinta o céu, e plantação marca a paisagem.

Alguma claridade ilumina o verde, e dá cor ao lago que vejo.

Apenas duas árvores preenchem o espaço, as suficientes para me encostar e contar os peixes do lago.

Avanço e toco as flores que me cumprimentam com sorrisos, e olho as folhas que me cantam em convite.

Pequenas criaturas saltam, todas procurando o melhor lugar para ver o pôr-do-sol.

Caminho, e procuro um para mim também.

Sento-me encostado á primeira árvore, e depois de saudar os peixes, arrasto a minha atenção para o horizonte.

A lua despede-se mais uma vez do sol, e todos os olham.

Com o seu mais longo braço o sol acena, e consigo afunda todo o laranja que coloria o olhar.

A multidão de seres rapidamente se dispersa, e aí vejo que devo ir.


Já perto da porta passo mais uma vez os olhos pela vista agora adormecida.

Guardo essa imagem em mim.


Saio, fecho, e preparo-me para mais um dia.

Sempre com a fotografia em mente, que me irá ajudar a carregar tudo mais uma vez.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Haiti


Sei bem como a juventude de Portugal, e até quem já devia ter juízo, vê as situações que não se passam na vida deles. Para a maior parte, se não se sente na casa deles, não lhes interessa. Entristece-me. Neste momento enquanto comemos, descansamos e vemos televisão, no Haiti sofrem e morrem. Cada um ajuda o outro. Quando um cai, não se põe a pé sozinho, sofrem e vivem juntos. Unidos. Temos que nos imaginar na situação deles. As nossas famílias. Amigos. Mortos ou a morrer. Ouvir os irmãos a chorar enterrados pelos escombros. Isto magoa-me. Nestas alturas, se estivesse ao meu alcance, estaria a ajudar. Atinge-me como se fossem meus irmãos, meus amigos. Choro, lamento, e rezo por eles. Qualquer ajuda conta. A maior parte não se incomoda por só poder doar um euro. Isso faz a diferença. Esse euro pode salvar uma criança. Uma mãe. Um irmão ou irmã de alguém. Basta dirigirem-se ao vosso banco e pedir indicações. Há neste momento inúmeras instituições a ajudar com a doação. Dêem. Ajudem. Como se fosse quem mais amam. Porque eles são nós. Eles fazem parte de nós.


Neste momento no Haiti, eles cantam. Eles dançam. Gritando Esperança, Força. Eu, cá, ao vê-los assim cantar, só consigo chorar. Como podem? Como podemos? Temos que nos unir. Então esforço-me por cantar com eles.


Cantem também.

Nós ouvimo-los, e eles ouvem-nos.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Azar


Quando me falam de azar, eu costumo rir-me. Sempre vi o mundo como o Simba me ensinou: " Ahah, eu rio-me face ao perigo! " . Assim sendo, sempre vi o azar como uma coisa ultrapassável sem muito dificuldade. Habitualmente, costuma resultar. Coordeno bem o que faço, costumo estar atento a eventualidades... Tem corrido bem. Infelizmente, esta semana, o azar tem atacado incansavelmente. Desde uma multa injusta no metro, ao ficar 2h á espera por um reboque na Rotunda da Boavista, têm sido uns dias bastante cansativos. Tenho combatido bastante bem, relaxando, indo ao ginásio, estando no spa, e os que me são próximos têm vindo a ajudar.


Ainda assim, continuo a ver o azar, a má estrela, como uma coisa parva. Aliás, sou tudo menos supresticioso e costumo achar piada a quem tem medo de passar por baixo de escadas ou tem medo de gatos pretos - tadinhos - . Eu costumo personificar este género de coisas. Vejo o azar como um homem magro, com ar astuto e sombrio. Todo este ar ameaçador, eu vejo apenas como um bom desafio. Como quem diz: " Hm, vais ver se não corre bem, vais. ". Faz apenas com que me esforce para que corra tudo bem. Acho que isso é bom...


Isto tudo porque estou um bocadinho cansado de toda esta insistência para que algo corra mal.

Assim aproveito e dirijo-me ao azar online: "Não te prepares não."

Se for alguém tolinho que me ande a fazer umas makumbas: "Hei-de saber onde moras."

domingo, 17 de janeiro de 2010

Voar


Boas noites.

Já á algum tempo que não faço nenhum post, e isso deve-se a uma semana de exames que me ocupou todo o meu tempo e cabeça.

Deixo então um elogio á liberdade que sinto por já não ter essas preocupações.


Voar


Pairo livre, e quando julgo pousar, pouso no ar.

Ar acaricia-me, e por ele fluo deslizando.

O céu reflecte-se no mar, e só os distingo pela frescura.

Passeio a mão pela água enquanto rapidamente a percorro,

e os meus dedos desenham paisagens que os peixes vêm como quadros.

Aves descem do sol que me acompanha, e voam em velocidade comigo.

Conversamos e competimos pela melhor brisa.

Cada um segue o seu caminho e descanso o meu olhar no horizonte.

Vejo-o como meta,

e com o meu sorriso a rasgar o mar, entro na azul frescura.

Tendo os meus olhos presos na distância, ondulo pelas águas e bracejo pela clara limpidez.

Do alto o sol sorri-me, e o meu pensamento repousa no meu descanso na linha do horizonte,

com as pernas dentro de água, e a vista a deitar para o mar.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Pela Janela.


O tempo apenas me inspirou para um poema como este. Frio e curto. Como está lá fora.




Pela janela tudo vejo.


O frio corta quem lá anda e ameaça-me entrar.

Entendo o aviso e enrosco-me mais.


Vejo as árvores que dançam á melodia do vento, e riem-se de quem se encolhe em arrepios.

- Todos as notam -


Os baloiços rangem empurrados pela brisa, sem calor humano para os usar.

- Lamentam-se -


Casais correm juntos, apenas para em suas casas se esconderem. Aquecerem-se.


As cadeiras das esplanadas, sozinhas, gelam.

Fazem companhia ás mesas que por pessoas esperam. Quietas. Ao frio.

Esperam porque mais não podem fazer.


Passando levemente o olhar pela vista de gelo, vejo-te sentada.

O frio toca-te, e a ele ligas-te. Gela-me a visão.

Canta-te melodias que acompanhas, sem escolha.


Recolho-me para o meu quente recanto e inspiro.


Sacudo a paisagem e a vista dos ombros e aqueço-me.


Porque se tudo aquilo lá fora vi, é porque aqui dentro comigo não está.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Fotografia



As fotografias são pequenas âncoras.


Sempre que uma é tirada, torna-se um marco da nossa história. Guarda um momento, uma sensação.


Ao olharmos fotografias há duas posições distintas que podemos tomar. Ou vemos e dizemos:


" Ahh, que bonita que eu era nessa altura. Aí não se via nem uma branca, pergunta ao teu pai"


( Isto como quem diz, gosto de me ver nessa fotografia )


ou:


" Ai que horrooor! Nessa altura usava repas e risca ao meio, que loucura. "


( Ou seja, não gosto de me ver nessa fotografia )


Quando as pessoas escolhem a primeira, nota-se logo uma certa nostalgia na observação. "Naquele tempo", "quando era novo" ... Como se insinuassem: " Pois, olhas para mim agora e vês um magricelas um pouco para o feio, mas já fui bonito e jeitoso. Naquela altura eram todas as garotas (...) ". E isso deixa-lhes um rasto de felicidade por saber que também já tiveram o seu momento.


Aquelas que optam pela segunda são ou os brincalhões ou os convencidos. Os com sentido de humor costumam opinar: "Eeei, que feio que eu era. Não sei como a tua mãe me quis. Agora que sou velho é que as tenho todas atrás de mim!". Os com o nariz a tocar o céu observam: "Ai tadinha de mim na altura. Não era feia, mas aquelas cores não me ficavam nada bem. Ainda bem que agora sou assim!", e fazem um olhar sexy com um sorrisinho como que dizendo, "estou a brincar. (...) ou não"


Acho engraçado ver jovens a utilizar as mesmas expressões que as pessoas que já têm uma idade quando olham para uma fotografia: "Tchii aí era quando eu usava aqueles colares com corações com purpurina cor de rosa que faziam barulhinhos sempre que eu ía aos pulinhos pela rua a cantar o excesso. Aí andava no 6º ano!". "Ui, a sério? Altamente. Em que ano estás agora?". "8º".


Faz-me rir, mas eu faço o mesmo. Não posso evitar de reparar que ocasionalmente sai-me um: "Uui, nessa altura jogava tanto ao UNO..." (nem 3 anos), ou um " Oh, aí ainda nem tinha a minha guitarra." (nem 1 ano)

É um pouco ridículo, mas inevitável. A verdade é que ainda não conheço suficientemente bem o Tempo para me dirigir a ele.


Deixo a fotografia que me inspirou para este texto, tirada num casamento á 3 anos.

Sempre que a vejo penso: "Ahah, aqui usava o cabelo ainda maior do que agora."


Há-de chegar o dia em que comente: " Sim, já nem me lembrava, foi nessa altura que escrevi aquele texto das fotografias."

Até lá, fico a conhecê-lo melhor, boas noites Sr. Tempo.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Simplicidade



A minha vida é repleta de complexidades.

Ao acordar estou já preocupado com o planeamento do dia e com o que vou fazer com o meu tempo - coisa ao qual dou extremo valor -. Ainda que já habituado a este sistema, é bastante desgastante ( qualquer pessoa que passe um dia comigo experiençará isso mesmo )

Tudo isto é aumentado com a minha necessidade de não perder tempo para fazer o que preciso, ou tenho interesse de fazer. É claro que o dia-a-dia na cidade do Porto é o ambiente perfeito para levar uma pessoa a um sempre presente stress; tentar andar em St. Catarina, onde as pessoas parecem baratas, cada uma para o seu lado, e andar o mais rápido possível é de facto um teste á paciência.


Agradam-me portanto as coisas simples. Não entendam mal, aprecio o complexo das coisas que faço e vivo, mas a simplicidade preenche-me.


Assim como o óbvio é por vezes o mais oculto, também o simples chega a ser o mais complicado de se alcançar. Tanto um como o outro estão a maior parte das vezes "debaixo do nosso nariz", e isso faz com que os ignoremos. E não os apreciemos.


Com o passar do tempo vim a aperceber-me disso e comecei a esforçar-me por aproveitar os curtos espaços de tempo em que a simplicidade decidia fazer-me companhia. Assim, cada momento que estou á varanda a ouvir música, sentado no sofá a ver um filme que já vi com quem gosto de estar, ou até a andar sem ter para onde ir, tornou-se mais que valioso nos meus dias. Porque estes, são mais raros do que eu alguma vez me tinha apercebido. E eu, com mente de coleccionador que tenho, tudo o que é raro é para se manter, e pretendo coleccionar todas estas situações na minha mente.


Tão absorvido nestas complicações, intrigas, preocupações inerentes, o que anseio é; Chegar a casa depois de um dia de trabalho, dizer " Olá querida, cheguei *chuac* . No que posso ajudar com o jantar? " , contar o que fiz durante a tarde, e render-me ao cansaço que a noite traz, deitado na cama a ver televisão.


É simples, e eu gosto.