segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Quarto


Hoje sinto-me um pouco irritado.

Assim sendo, vou ver se a escrita me leva a irritação.



Quarto


A realidade esmaga-me e a cidade pinta-me de cinzento.

Olhares e palavras enchem a minha vida de mundanidades e preocupações que pesam em mim.

Carrego-as, passeio-as, e todos as alimentam.


Com pequenos toques faço por embelezar o que vejo, mas as massas corrompem-no.

Respiram problemas, e em si guardam as soluções. Um círculo vicioso.

Apontam dedos, na sombra contam segredos, e derrubam pessoas por simples ocupação do tempo.


Sustenta o cansaço apenas o saber da calmía que se avizinha.

E ainda que envolto em necessidades, ordens e afazeres, mantém-se um pequeno mundo aparte, onde o que sou é decidido no momento.


Ao fim do dia, arrastando âncoras de crise e pesos de tarefas, chego a casa.


Segurança inunda o ser, e com esforço, vai expulsando a cidade que trago nos ombros.

Melodias faladas regalam os olhos, e sorrio com a beleza que é capaz de se ouvir.


Caminho para o meu recanto, e deparo-me com a comum porta fechada.

Antes de esta tocar, questiono-me onde quero ir dar.

Pondero, imagino, e com a minha mente idealizo o local onde planeio ir descansar.


Empurro a porta, e rapidamente sinto a brisa a tocar-me.

A lua pinta o céu, e plantação marca a paisagem.

Alguma claridade ilumina o verde, e dá cor ao lago que vejo.

Apenas duas árvores preenchem o espaço, as suficientes para me encostar e contar os peixes do lago.

Avanço e toco as flores que me cumprimentam com sorrisos, e olho as folhas que me cantam em convite.

Pequenas criaturas saltam, todas procurando o melhor lugar para ver o pôr-do-sol.

Caminho, e procuro um para mim também.

Sento-me encostado á primeira árvore, e depois de saudar os peixes, arrasto a minha atenção para o horizonte.

A lua despede-se mais uma vez do sol, e todos os olham.

Com o seu mais longo braço o sol acena, e consigo afunda todo o laranja que coloria o olhar.

A multidão de seres rapidamente se dispersa, e aí vejo que devo ir.


Já perto da porta passo mais uma vez os olhos pela vista agora adormecida.

Guardo essa imagem em mim.


Saio, fecho, e preparo-me para mais um dia.

Sempre com a fotografia em mente, que me irá ajudar a carregar tudo mais uma vez.

3 comentários:

  1. É absurdo como consegues escrever assim em meio às dificuldades. Fantástico! Já sabes que tudo se vai resolver. *

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  2. Adoro como consegues exprimir nos textos aquilo que te vai na cabeça, conseguindo manter a serenidade. Continua a escrever!

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  3. adorava conseguir imaginar como tu o fazes.
    transformando a rotina em algo bom.
    gostava de viver nos textos que escreve(melhor dizendo nos lugares que descreves).
    contiua a escrever:)
    Ana Kawaii

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